Água forte

Disponibilidade: Brasil/Europa

fervem nos ombros
dos montes
as pedras do silêncio

e isto podia ser o mundo
ou a casa onde a morte
se cansa de mentir

no céu, só os restos
dum incêndio trabalham
esta febre do olhar

toda a tarde
te respiro por entre
as árvores submersas!

estou tão quente
como um fruto
que o sol ferrou

só, só eu
te sei cantar
até seres chuva

 

R$50,00

_sobre este livro

_sobre este livro

O tempo gera seus frutos na escuridão da terra, isso é fato. No entanto, o caminho que a semente percorrerá até virar colheita é misterioso. Não podemos prever o rumo dos ventos, nem o número de eras que tardará, nem o instante preciso em que a vida se faz. Foi nesse emaranhado de destinos que conheci Gil T. Sousa.

Seria ingênuo e pretensioso de minha parte descrever o tamanho desta obra. “Água forte” é um livro precioso que guarda “geografas de sangue”, “apodrece dilúvios” e que nos mostra que não se pode apreender rostos apenas contemplando quadros. Seus versos falam da imensidão de nosso breve suspiro no mundo, de nossa finitude, mas não se esquecem de revelar a eternidade das pequenas coisas, como algum amor que um dia esteve logo ali e hoje lateja apenas na memória, numa paisagem ou em algum gesto antigo. A poesia, neste livro, se faz do exercício diário de experimentar os olhos além da geografa cotidiana. Por isso é preciso ter coragem, derrubando os muros que guardam aquilo que não podemos ver, até que reste apenas “o silêncio se curvando como um animal sem voz» e escutemos, por fim, a profusão de pássaros escondidos nas palavras desse poeta.

Não tenho dúvidas da força tempestuosa e da bonança contida nas páginas a seguir, por onde saltam angústia, místicas manhãs, rumores de estações anônimas, e de onde a esperança não se esvai, mesmo quando o desconhecido emerge das cinzas em círculos de fogo.

Além de sua belíssima obra, Gil também contribui de maneira efetiva para a difusão desta linguagem chamada poesia, pesquisando e divulgando inúmeros autores. Talvez esse trabalho tenha sido um dos diversos fatores que construíram sua voz singular, afinal de contas, conhecer aquilo que já foi feito ajuda a traçar novas veredas.

Meu caro Gil T. Sousa, quando despertarem os últimos poetas e as aves solitárias me conduzirem para além dos bares, eu tomarei de teu cálice, juntos brindaremos a solidão dos deuses e te agradecerei por me “ensinar como regressar às palavras que abandonei e abraçá-las como filhos perdoados”.

Tiago Fabris Rendelli

_outras informações

idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14 x 19,5
páginas: 216
papel: pólen 90 gramas
ano de edição: 2019
edição: 1ª

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