Esmeril

Disponibilidade: Brasil

Destruíste a imagem fossilizada de Deus
e fundaste um novo Olimpo de carnes raríssimas
e pesares abissais
(os gritos vagam pelo firmamento
enlaçando a terra de hinos cáusticos, libertos)
Chegaste desnorteando as horas e apontando
estradas incorpóreas – desmarcadas de afeto
cosidas por cascalhos afiados
e cruéis
Arrancaste das vísceras o mitigado vazio
soletrando-o de silêncio e escaras amotinadas –
murmúrio perfeito da avidez divina.

R$45,00

_sobre este livro

_sobre este livro

Para existir, capturar poesias. É isto o que sinto quando leio os poemas da Nayara, que experimenta a vida com um olhar estrangeiro e uma “faca na garganta”.

Nos nós dos seus versos, a cidade flui com seu concreto, seu asfalto, sua velocidade e sua solidão. Mas a frieza do presente não impede que o furor de um outro tempo atravesse a consciência e o olhar. Então, os versos são tragados pela memória de uma infância sem muros, de um tempo povoado por mais esperança e afetos. Assim, diante do caos da vida cotidiana, Nayara para o tempo e captura poesias no improvável.

Não pense que capturar poesia é um gesto harmônico ou neutro, pelo contrário, é um ato político e, portanto, grita, assola, desassossega. Um ato político convoca o corpo a posicionar-se diante do mundo.

Fazer versos como modo de sentir e compreender é uma tarefa de entrega e resistência. Entrega a este sentimento de despertencimento em relação ao próprio corpo, à própria terra e ao próprio tempo. Resistência à lógica capitalista que devasta e emudece, que endurece o mundo e os afetos, que despreza o que é belo, vário e outro.

E Nayara não teme, nesta tarefa, o desmoronamento da palavra. Esta mulher, em construção diante da melancolia, do derretimento dos laços, da terra devastada, do desprezo ao diferente, mobiliza palavras em um movimento que a enlaça no espelho do outro e, ao mesmo tempo, a singulariza.

Enfim, é preciso estar junto, ser comum, para descobrir-se único, eis a tarefa desta poesia: Nayara C. P. Valle

“Quando saímos
de dentro da gente
é que nascemos
Tocar dentro do outro
feito ponte iluminada
irmana nossos abismos”

Juliana Teixeira

 

_outras informações

isbn: 978-85-7105-133-1
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14 x 19,5
páginas: 78
papel: pólen 90 gramas
ano de edição: 2019
edição: 1ª

Carrinho

Cart is empty

Subtotal
R$0.00
0