Longo Horizonte

Disponibilidade: Brasil

entrego
meu pobre corpo
desfalecido
ao seu Espírito

Santo

Dê forma, eu clamo,
dê nome

Deus sabe,
não se ama
uma fumaça
imploro, só uma palavra
que talvez possa se fazer

R$40,00

_sobre este livro

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Desde que conheci a Márcia Teani eu queria ser amigo dela. Hoje ela é minha amiga, e, quando minha filha nasceu, Márcia foi uma das primeiras pessoas a pegar ela no colo, e isso me deixou tão feliz!

Antes dela ser minha amiga, eu roubei um verso dela. A gente estava num grupo que se reunia no MIS de Campinas, pra ler e conversar sobre poesia. Aí ela leu um poema dela, que falava assim: “(…) o silêncio (…) ao reencontrar alguém, que você já cumprimentou, após a curva da prateleira no supermercado;” e isso era tão lindo, que eu precisei copiar, e copiei.

Porque a única poesia que importa é essa que a gente queria ter feito, e acho isso dela em quase todos os poemas.

Existe uma relação de sagrado e profano, de mundo do chão e infinito, a noção de que o comezinho do interior é também longo horizonte, que a vida cotidiana é besta e linda. Também vim de um interior cheio de santos voyeurs espiando pelas frestas das portas carcomidas dos banheiros das casas das avós, cantando nas alturas o que é decente e o que não é decente – o esgoto do ralo que foi ficando até acostumar.

Mas tem algo a mais na poesia da Márcia, que nunca poderei copiar, porque ela nasce de um outro furacão, que eu não tenho em mim. Ela passou por muitos lugares, sua poesia tem tantas ruas e becos, além de avenidas e praças, só que menos cartografada em mapas com eixos pré-moldados, é a praia invadindo a seca, ou a gente pulando no rio. Algo de andar e balançar, de carioca longe dos interiores secos, de apócrifo que só me resta me abismar. Aí que eu paro e escuto e me arrebato com tanta força e beleza, e me arrepio com tanta vida.

Ela me pede pra fazer uma orelha, e falo que só faço se ela fizer uma pra mim também. Só que minha poesia tem o limite do olho que vê os sapatos no chão do trem. São tantos, são tortos, são tensos, estão tesos. Mas Márcia vê mais: dentro dos sapatos há pés, e eles têm carne, e pisam no chão como corpos e flutuam no infinito como anjos – ao mesmo tempo, como das raras vezes em que a máquina convida a desembarcar por ambos os lados do trem.

Esse é o primeiro livro de poemas dela. Mas ela é poeta a cada instante, pois sabe que poesia é isso, é corpo, espírito, gosto, cheiro, você sente o cheiro do poema, escuta a música que toca na poesia, você dança. A poesia é a vida, mas é vida mesmo, é santo, é carne: é sublime.

E não é porque ela é minha amiga não, mas é muito bonito ouvir Márcia lendo seus poemas!

Não será tudo isso razão suficiente pra eu ter roubado aquele verso da poesia dela?

Cássio Corrêa

 

_outras informações

isbn:  978-85-7105-147-8
encadernação: brochura
formato: 14 x 19,5
páginas: 54
papel: pólen 90 gramas
ano de edição: 2019
edição: 1ª

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