Sete e meio

Disponibilidade: Brasil

É o Rei que não está

O Rei que não está
Jamais voltará

O Rei que jamais voltará
É o Rei que atravessa

R$45,00

_sobre este livro

_sobre este livro

Este livro não trata de qualquer jogo em abstrato, mas principalmente do GRANDE jogo, o xadrez. Danilo Bueno joga, gosta de jogar. Ele costumava frequentar o CCSP. Não sei se ainda vai lá. No xadrez tem essa ideia bastante comum de o tabuleiro ser uma representação (fechada) do Universo, uma imagem metafísica. Engraçado que também usam xadrez para dizer xilindró. É com esse tipo de verdade que Danilo se propõe a jogar neste livro duplo, com dois títulos. Não se engane o leitor interpretando Waterloo apenas como a batalha perdida de Napoleão, Waterloo é também o nome da rua onde o poeta cresceu.

Acho xadrez um jogo muito masculino. Só aprendi a jogar, porque já gostei de matemática: com um namorado, aprendi as regras; com outro, nos uníamos contra Stockfish no computador e perdíamos sempre. Como roubar de um robô? Não é à toa que a maioria das figuras que atravessa este livro é da linhagem do masculino e vem para repensar seu legado: avô, pai, filho, neto, irmãos, poetas, jogadores etc. A figura da Mãe se faz presente em alguns poemas, mas en passant no início do livro, não como aquela jogada especial do xadrez, que capturaria o Pai, mas para acessá-lo. Nadia Comaneci está em outro livro do autor e se estou aqui, infiltrada como Rena Kanokogi, é porque ainda não deram por isso.

Conheci o Danilo na USP, na Lit. Portuguesa, um ramo que abandonei faz tempo, ao contrário dele, que ainda acredita no seu lado mais lúdico: Pina, Cesariny, Alberto Pimenta etc. A primeira vez que marcamos um encontro foi num bar e ele ficou o tempo todo de óculos escuros. Como o escritor Benno von Archimboldi, personagem de 2666, sempre com seu casaco de couro. Eu, para poder olhá-lo, olhava os seus dentes da frente, com diastema. Um detalhe. Os detalhes são importantíssimos, são como pistas. Ajudam a revelar mistérios. Quem nunca encontrou seu dente pela própria dor que nele sentia?

Recentemente li em Derrida: “O advento da escritura é o advento do jogo”. Na hora pensei em Wittgenstein que tanto me ensinou sobre jogos, mas também sobre a dor. Pensei também no Homo Ludens, mas não sei até que ponto essas referências conversam com estes poemas, organizados quase aleatoriamente, misturando várias obsessões do autor, como Drummond revisitado, por exemplo. Neles, Danilo parece querer brincar com a vida, abordando GRANDES enigmas, numa perspectiva ainda menor, rebaixando a poesia para mais perto do chão. O que sobrevive, então, desse gesto? Nem a memória, talvez.

Érica Zíngano

_outras informações

isbn: 978-65-87076-11-9
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14 x 19,5
páginas: 68 páginas
papel: pólen 90 gramas
ano de edição: 2020
edição: 1ª

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