Ombros Hereges

Disponibilidade: Brasil

desejo não pede desculpa

não culpa as falhas de comunicação
a imaturidade o orgulho
nem qualquer coisa assim

não se amarre flertando
todas as faces desse equívoco

R$45,00

_sobre este livro

_sobre este livro

Abro essa carta/livro. Me deixo levar. Leio em uma “correspondência” – a cadência do que em seguida se torna em seu movimento: livro-poema. Me deparo, logo na entrada, com esse M. – com o M. que assina a correspondência e cria traço para que a leitura caminhe. Destaco – da letra à palavra – o que se escreve, o que cai ao solo, o que se move e poliniza fértil com o vento, o que pulsa tempo – como sangue: “o prelúdio trovoa vermelho e anuncia água”. Da metáfora ancestral – “essa coisa que arde e é líquida” – que crava a terra – o calor de uma mulher, a transmissão milenar dos saberes de uma mulher – a transmissão dos orixás – que conta e não conta com o conhecimento. Adentramos aqui as franjas do amor. Como que em um continuum, é possível ler: da mulher, na mulher, pela mulher – sem pausa, no entanto em ritmo preciso, o amor. Uma circularidade – não há ponto de separação: da palavra, na palavra, pela palavra. Está sempre em ponto de heresia. Os ombros hereges – revelam simultaneamente – o que há de mais visível para se expor da libertação histórica de uma mulher – escorrendo – para a singular marca erigida, herética do que a poesia de M. mostra na semi-luz, no lusco-fusco. Há uma vertigem, a fortaleza crescente de um lugar que se insinua como vento anterior ao ventre da Mãe e dele germinado. O corpo-palavra de M. percorre, em nós leitores, dois tempos: no primeiro, a correspondência – no segundo, o poema. Dois tempos indivisíveis, indissociáveis: a correspondência é poesia penetrante e anuncia: “simultâneas existimos nessa terra e assim nos entranhamos.” O livro atravessa, em sua pulsação de versos, o corpo do leitor – pungentes as palavras circulam e ecoam entre diferentes poemas – seguindo um fio de escrita. A letra arranha as retinas – e seguimos junto a essa letra-nome – que por acaso, e não por acaso, me levam a essa mulher, a uma mulher, à letra da mulher – que inscreveu sua escrita na terra, na escavação da pele que recobre e aproxima os ombros descobertos – da força que se transmite. Letra e nome próprios. Próprios e prontos para atingirem e atravessarem outras línguas – outros corpos – abertos à leitura e dispostos ao amor.

Marcela Aguilar

 

_outras informações

isbn: 978-85-7105-040-2
idioma: português
encadernação: brochura
formato: 14 x 19,5 cm
páginas: 102
papel: pólen 90 gramas
ano de edição: 2018
ano copyright: 2018
edição: 1

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